Deni Zolin

Governador cedeu ao perceber que setor econômico chegou ao limite

Como em todas as decisões tomadas até agora pelos governantes, em meio à pandemia, a mudança anunciada ontem pelo governo gaúcho de flexibilizar a abertura de lojas não essenciais e restaurantes nas regiões com bandeira vermelha também vai causar polêmica. Os defensores do isolamento social vão chiar, mas empresários e quem precisa sobreviver também têm suas razões. Vale lembrar que Santa Maria segue na bandeira laranja.

Ficou claro que o governador Eduardo Leite (PSDB) cedeu à pressão política e econômica, depois de meses de fechamento do comércio em algumas regiões, como a Metropolitana. E digo isso não em forma de crítica ao governador e aos empresários, afinal, o setor empresarial também tem seus motivos. Leite percebeu que milhares de empresas gaúchas estão em sérios apuros e que a crise econômica será muito grave daqui para a frente se não houver alguma flexibilização. Até especialistas na área, como a médica infectologista Jane Costa, acredita que não é a abertura do comércio que aumenta a propagação dos casos.

Estado flexibiliza regras para municípios com bandeira vermelha

É claro que deve seguir havendo a preocupação com a vida e em frear a propagação do vírus, porém, não há uma fórmula perfeita para equilibrar essa equação: de um lado, está o sistema de saúde, que até agora não teve sua lotação de UTIs extrapolada, e do outro, o setor econômico, que precisa também sobreviver - afinal, são empresas e milhões de empregos em jogo.

Nesta terça-feira, a ocupação de leitos de UTI no Estado estava em 76%, havendo ainda 573 leitos desocupados, do total de 2.451. Ou seja, mesmo que haja algum risco de aumentar a proliferação dos casos de coronavírus com a flexibilização das regras, o Estado ainda tem certa margem de leitos para atender eventuais casos graves que surgirem. E se, mais adiante, for preciso voltar a restringir regras, que se volte atrás, sem problemas. Em Santa Maria, 62% dos leitos de UTI estavam ocupados.

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O que também deve ser levado em conta é que parte das pessoas está cansada de ficar em casa. Em Santa Maria, por exemplo, no último domingo, que foi ensolarado, o índice de isolamento foi de 39%, o menor em relação a finais de semanas anteriores, em que variava entre 51% e 58%, segundo o site In Loco. É semelhante ao índice de dias úteis. Portanto, não é só no comércio e nos restaurantes que há risco de transmissão. O comportamento das pessoas durante atividades de lazer e passeios também impacta na disseminação ou não do vírus - por isso, é fundamental evitar aglomerações, manter distanciamento, usar máscara e lavar as mãos sempre.

ÍNDICE DE ISOLAMENTO EM SANTA MARIA, NOS ÚLTIMOS DOMINGOS, SEGUNDO O SITE IN LOCO

DomingoÍndice de distanciamento
5 de julho58%
12 de julho55%
19 de julho51%
26 de julho52%
2 de agosto39%

Nesse ponto, há um alerta dado outro dia pelo infectologista Reinaldo Ritzel: em restaurantes e refeitórios, em que as pessoas, obviamente, estão sem máscara para comer, há um risco de contaminação por causa das gotículas de saliva no ar. Por isso, nesses ambientes, além de manter distância, é fundamental só conversar o necessário para não soltar muitas gotículas no ar.

Pressão da Capital deu resultado
A decisão de Leite de flexibilizar as regras da bandeira vermelha foi provocada, principalmente, pela pressão para tentar reabrir o comércio e os restaurantes em Porto Alegre e Região Metropolitana. Essa polêmica cresceu muito nos últimos dias, após semanas de bandeira vermelha. Em contrapartida, em Pelotas, a prefeita anunciou lockdown no próximo final de semana, que pode durar três dias ou uma semana, para tentar conter o avanço do coronavírus e o aumento da ocupação de leitos.

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Aqui em Santa Maria, por enquanto, a ocupação de leitos de UTI segue na faixa de 62%, mas esses exemplos de fora reforçam a importância de aumentar os cuidados com uso de máscara e distanciamento social. Afinal, ninguém quer passar pela mesma situação vivida em Porto Alegre e entorno. Além de salvar vidas, é preciso salvar empresas e empregos. Até porque a crise econômica que ocorrerá após o fim dos auxílios emergenciais do governo poderá ser ainda mais grave se mais empresas e empregos evaporarem. 


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